Holding é uma empresa criada para controlar outras empresas ou administrar um patrimônio. O termo vem do inglês “to hold”, que significa “segurar” ou “manter”. Existem dois tipos: a pura, que apenas controla outras empresas, e a mista, que também realiza suas próprias atividades.
No mundo dos negócios, entender as diferentes formas de organizar e proteger o patrimônio é essencial para quem busca crescimento e segurança jurídica. Entre essas formas, as holdings têm ganhado destaque por oferecerem uma estrutura flexível e estratégica para gestão empresarial e sucessória.
Mais do que um conceito técnico, uma holding representa uma ferramenta de planejamento capaz de centralizar o controle de empresas, simplificar a administração e otimizar resultados. Por isso, vem sendo adotada tanto por grandes corporações quanto por empreendedores que desejam profissionalizar a gestão de seus negócios e bens.
Neste artigo, você vai entender o que é uma holding, como ela funciona e quais são seus principais tipos. Continue a leitura 😉
O que é holding?
Holding é uma empresa que controla e administra outras empresas, proporcionando eficiência na gestão, benefícios fiscais e proteção patrimonial. Nas palavras de Oliveira (2015, p. 7-8):
Uma holding pode ser definida, em linguagem simples, como uma empresa cuja finalidade básica é ter participação acionária – ações ou cotas – de outras empresas. […] A holding deve ter uma participação no capital de outras associadas – investidas – em quantidade e qualidade suficientes para influir sobre sua administração. […] As empresas holding podem facilitar o planejamento, a organização, o controle, bem como o processo diretivo de suas empresas afiliadas; e também proporcionam, ao executivo, a possibilidade de melhor distribuir em vida seu patrimônio, sem ficar privado de um efetivo e amplo processo administrativo.”
A holding é uma empresa criada para gerir e controlar participações em outras empresas, garantindo organização, segurança e eficiência na administração dos bens e ativos do grupo. Ao estruturar uma holding, é essencial definir o modelo patrimonial mais adequado para atender aos objetivos de gestão e proteção do patrimônio.
O conceito surgiu em 1889, nos Estados Unidos, com John Rockefeller, que utilizou essa estrutura para centralizar suas empresas. Atualmente, grandes grupos seguem o mesmo modelo:
- Berkshire Hathaway (de Warren Buffett)
- Alphabet Inc. (controladora do Google)
- J&F Investimentos, dona da JBS, Banco Original e PicPay.
Esses exemplos mostram a ampla aplicação das holdings em diferentes setores da economia.
Quais são os tipos de holding?
Existem diferentes tipos de holding, e a escolha depende dos objetivos e necessidades de cada empresário ou grupo familiar. As principais são:
Holding pura
Criada apenas para controlar outras empresas, sem atividade produtiva. É usada para organizar grupos empresariais e centralizar decisões.
Holding mista
Atua em atividades econômicas próprias. Segundo Silva e Rossi (2015, p. 18):
Seu objeto social compõe não somente a participação de outras empresas, mas também prevê a exploração de alguma atividade empresarial diversa”.
É comum em grupos com negócios variados, permitindo que a holding preste serviços ou produza bens para suas empresas afiliadas.
Holding patrimonial
Focada na administração de bens e ativos, busca organizar o patrimônio, obter vantagens fiscais e facilitar o planejamento sucessório. É muito utilizada por famílias ou empresas com grande volume de propriedades, como imóveis, que passam a integrar o capital social da holding.
Holding familiar
Destinada à gestão do patrimônio de uma família, geralmente é administrada pelos próprios membros. Seu principal objetivo é centralizar a administração dos bens e simplificar a sucessão familiar, garantindo continuidade e segurança na gestão do patrimônio ao longo das gerações.Principais vantagens de uma holding
- Proteção patrimonial: separa os bens pessoais dos empresariais, reduzindo riscos em disputas ou dívidas.
- Economia tributária: permite pagar menos impostos, especialmente em casos de holding imobiliária, onde a tributação sobre aluguéis pode cair de 27,5% para cerca de 11,33%.
- Planejamento sucessório eficiente: facilita a transferência de bens entre gerações sem necessidade de inventário.
- Gestão centralizada: simplifica o controle das empresas e ativos, tornando decisões mais ágeis.
- Limitação da responsabilidade civil: eventuais ações judiciais atingem apenas o patrimônio da holding, preservando os bens pessoais.
- Organização e transparência: melhora a administração financeira e contábil do grupo.
Desvantagens de uma holding
- Custo de estruturação e manutenção: envolve despesas contábeis, societárias e jurídicas contínuas.
- Complexidade legal: requer acompanhamento profissional especializado para evitar erros e riscos fiscais.
- Planejamento inadequado: sem uma análise estratégica, os benefícios podem ser reduzidos ou até gerar prejuízos.

Como abrir uma holding?
Para abrir uma holding, é necessário seguir alguns passos essenciais:
- Defina o objetivo e o tipo: familiar, patrimonial, pura ou mista.
- Escolha o nome e o endereço da empresa (sede).
- Redija o contrato/estatuto com regras de administração e sucessão.
- Registre na Junta Comercial do seu estado.
- Tire o CNPJ na Receita Federal.
- Faça as inscrições fiscais (municipal/estadual, se preciso) e escolha o regime tributário.
- Organize a contabilidade e a integralização dos bens/quotas.
- Toque tudo com advogado + contador para ficar 100% dentro da lei e otimizar impostos/sucessão.
O que é sucessão patrimonial?
A sucessão patrimonial é o processo de transferir bens e direitos de uma pessoa para seus herdeiros. Isso pode ser feito por testamento, doação em vida ou inventário, mas esses meios costumam ser caros e demorados.
Com uma holding, essa transferência pode ser feita de forma mais rápida, organizada e econômica, já que o patrimônio é dividido em quotas ou ações. Assim, a sucessão acontece por meio da mudança de titularidade dessas quotas, sem necessidade de inventário judicial, evitando conflitos e garantindo a continuidade dos negócios da família.
O que é planejamento sucessório?
O planejamento sucessório é o conjunto de medidas tomadas em vida para garantir que o patrimônio seja transmitido de forma justa, segura e eficiente. Ele ajuda a reduzir custos, evitar disputas familiares e diminuir impostos.
A holding patrimonial familiar é uma das formas mais usadas para isso. Nela, os bens são organizados dentro da empresa, com quotas definidas para cada herdeiro e cláusulas de proteção, o que traz segurança jurídica, fiscal e tributária.
Além da agilidade — enquanto um inventário pode levar meses ou anos, uma holding pode ser estruturada em poucas semanas — o custo também é muito menor, chegando a economias de até 80% em comparação ao inventário tradicional.
O que os advogados precisam saber sobre holding?
Advogar para holdings exige visão multidisciplinar. O profissional precisa entender não só o direito societário e sucessório, mas também aspectos tributários, contábeis e administrativos. Isso permite oferecer soluções completas e transmitir segurança jurídica e fiscal aos clientes.
Segundo Gladston Mamede (2018, p. 259):
O advogado que atua junto às famílias empresárias deve ter redobrada cautela e sensibilidade para compreender os dilemas e os desafios que envolvem as famílias e a vida privada. Não se trata apenas de negócios; são questões familiares, acima de qualquer coisa.”
Portanto, mais do que aplicar a lei, o advogado deve atuar com empatia e estratégia, entendendo que a holding familiar envolve pessoas, histórias e emoções, e não apenas números.
Conclusão
A holding é muito mais que uma estrutura societária — é uma estratégia inteligente de gestão e proteção patrimonial. Ela permite organizar bens, reduzir tributos, facilitar a sucessão familiar e garantir a continuidade dos negócios com segurança e economia.
Ao centralizar o patrimônio e definir regras claras de administração, a holding evita conflitos, otimiza decisões e oferece estabilidade para o futuro da família ou da empresa.
Mas para que funcione de forma eficaz, é essencial contar com orientação jurídica e contábil especializada. Com o acompanhamento certo, a holding se torna um instrumento de planejamento sólido e duradouro, capaz de unir proteção, eficiência e tranquilidade para as próximas gerações.
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Conheça as referências deste artigo
FURLAN, Fabiano. Blindagem patrimonial: holding familiar, planejamento patrimonial e prevenção de riscos. São Paulo: Editora Dialética, 2021.
MAGALHÃES, Giovani. Direito empresarial facilitado. 2. ed. Rio de Janeiro: Método, 2022.
MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding familiar e suas vantagens: planejamento jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2018
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Holding, Administração Corporativa e Unidade Estratégica de Negócio: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
SILVA, Fabio Pereira da; ROSSI, Alexandre Alves. Holding Familiar: visão jurídica do planejamento societário, sucessório e tributário. São Paulo: Trevisan Editora, 2015.
Advogado (OAB/CE nº 49.588) e sócio do escritório Itamar Espíndola Advocacia (IE Advocacia), com foco em demandas de Direito Imobiliário e Sucessório. Bacharel em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e pós-graduando em Direito Imobiliário pela Faculdade Única....
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