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Mercado de trabalho para advogados: Conheça as tendências da área

Mercado de trabalho para advogados: Conheça as tendências da área

20 jul 2023
Artigo atualizado 23 ago 2023
20 jul 2023
ìcone Relógio Artigo atualizado 23 ago 2023
O mercado de trabalho para advogados é uma expressão que representa as formas de trabalho e oportunidades que podem ser ofertadas por estes profissionais e que podem ser demandadas pelos contratantes, sejam empresas ou pessoas físicas, que precisam de serviços jurídicos.

Muitos dizem que ele está saturado, mas será mesmo? Dados recentes indicam que no Brasil atualmente existem mais de um milhão e trezentos mil advogados. Em números absolutos o nosso país fica atrás apenas da Índia, mas, mesmo assim, é o país com o maior número de advogados por habitante (1 advogado a cada 164 pessoas). 

As estatísticas podem assustar e muito se fala sobre saturação do mercado, mas eu ouso discordar. Como Sócia Gerente de escritório de advocacia, o que eu observo no dia a dia é uma dificuldade enorme em encontrarmos bons profissionais.

Nem digo advogados excepcionais, que se destacam em conhecimento técnico, formação e outras habilidades importantes, mas os de nível mediano. O nível é realmente muito baixo, infelizmente. Por isso, o momento atual é propício para quem quer se destacar.

Em estudo realizado em 2022, ficou constatado que dos 1.896 cursos aptos a funcionar no Brasil, apenas 11% foram considerados como de boa qualidade e apenas 20% dos candidatos passaram na primeira fase da OAB, que é o exame necessário para o exercício da advocacia. Este número preocupante apenas confirma o que já percebemos diariamente quanto ao nível dos profissionais que estão no mercado. 

Já recebemos currículo de advogados com erros grosseiros de escrita, outros com os quais agendamos entrevistas e sequer aparecem para continuidade do processo seletivo, sem sequer se darem ao trabalho de informar que desistiram da vaga. 

Em certa ocasião, precisamos substituir um advogado em uma audiência às pressas, pois o profissional resolveu tirar um cochilo depois do almoço e perdeu o horário da audiência. Outro que, em meio à uma audiência, representando a empresa reclamada, perguntou ao juiz o que seria rescisão indireta.

Enfim, posso escrever um livro contando as inúmeras histórias que me fazem acreditar que, definitivamente, o mercado da advocacia não está saturado, mas, sim, muito carente de bons profissionais e pessoas comprometidas com o trabalho.

Como começar na advocacia?

O primeiro ponto que é necessário compreendermos é que as faculdades não formam advogados como profissionais. Desenvolvemos apenas habilidades técnicas, mas não como profissionais durante a nossa formação. 

Não aprendemos sobre como construir um currículo, se portar durante uma entrevista de emprego ou atendimento a um cliente, não adquirimos conhecimento sobre gestão de escritório, prospecção de clientes, vendas, marketing. Também há pouco contato com a realização de audiências, elaboração de petições, contratos, sustentação oral. Estudamos muita filosofia e pouco sobre o dia a dia prático do advogado. 

Por isso entendo que é fundamental a realização de pelo menos um estágio em escritório de advocacia durante a graduação, para que o bacharelando tenha contato real com a rotina e, especialmente, certificar-se de que possui vocação e afinidade com a profissão.

Caso o estudante não se identifique com a advocacia pode escolher dentre as várias oportunidades que a formação em Direito oferece, como a possibilidade de ingresso em serviço público através de concursos, que vão desde as academias de polícia até os tribunais, além da carreira acadêmica, que também atrai muitos profissionais.

No meu caso, os estágios que realizei durante a graduação foram definitivos para o início da minha carreira e da escolha pela advocacia e área de atuação, que é trabalhista para empresas.

Até 2022 havia no Brasil mais de 20 mil escritórios de advocacia. Além das experiências em escritórios, órgãos públicos e empresas privadas oferecem oportunidades de estágio para os estudantes de Direito, sendo desejável a vivência em cada uma dessas áreas para o desenvolvimento das competências profissionais.

O primeiro passo para o ingresso no mercado de trabalho jurídico é a elaboração de um currículo claro, completo e ao mesmo tempo objetivo. Inclua as informações como faculdade, período que está cursando, previsão de formatura, cursos e atividades extracurriculares, que são avaliadas pelos recrutadores. As experiências profissionais fora do campo do Direito também devem ser mencionadas.

O estudante deve ficar atento às oportunidades que são anunciadas em portais da faculdade, centros acadêmicos e indicação de colegas que já estão estagiando. Se selecionado para a entrevista, a pontualidade e postura contam pontos a favor para a possível contratação. 

Para se destacar na profissão desde a época do estágio é importante dedicação, responsabilidade e, especialmente, entregar o que foi proposto e solicitado. Boa parte dos escritórios de advocacia e empresas contratam os estagiários como advogados após a aprovação na OAB.

Quais são as principais áreas de atuação da advocacia?

De acordo com a pesquisa realizada pelo Datafolha em 2022, a maior parte dos advogados atua nas áreas de família e sucessões (42%), já o restante é dividido em:

  • trabalhista (38%) e previdenciário (24%);
  • consumidor (22%) e criminal (20%). 
  • atuação na área empresarial (14%), contratos (13%), responsabilidade civil (13%), civil em geral (10%) e tributário (10%);
  • administrativo (9%), constitucional (7%) e imobiliário (7%). 

Outras áreas do direito, como ambiental, eleitoral, bancário, agrário e aduaneiro tiveram percentuais de até 2% no levantamento.

Com o avanço da tecnologia, outras áreas têm surgido como direito para Startups, atuação específica em razão da LGPD  (Lei Geral de Proteção de Dados), Direito Digital e Compliance. O Direito Médico e Desportivo também tem avançado no mercado da advocacia.

Segundo o site Guia da Carreira, as áreas mais bem remuneradas atualmente são:

  1. Direito Tributário (Consultivo/ Contencioso)
  2. Direito Empresarial
  3. Direito Trabalhista
  4. Direito Contencioso Cível

As áreas de direito Ambiental, Digital e Desportivo também merecem destaque e estão em crescente expansão, também oferecendo bons honorários.

Porém, além da remuneração, é importante que o profissional tenha afinidade com a área de atuação. Quando temos afinidade trabalhamos melhor, com mais afinco e por consequência temos melhores resultados. 

Então, vejo que o retorno financeiro tem mais relação com a qualidade individual do profissional que de uma área específica de atuação. Por isso, é preciso estar atento às oportunidades e minimamente preparado para quando surgirem.

Quais as tendências para o mercado de advogados? 

Hoje o advogado deixou de ser apenas um distribuidor de petições para ser um parceiro em negócios, organizações e com atuação preventiva inclusive para pessoas físicas, através da elaboração de documentos extrajudiciais como contratos de compra e venda de imóveis, contratos de namoro, testamentos, e diversas outras demandas que atualmente não dependem exclusivamente do judiciário para solução.

Por isso, também é importante que o profissional desenvolva habilidades que vão além das qualidades técnicas, as chamadas hard skills, recebendo destaque aquele que também apresentar as soft skills bem desenvolvidas.

Podemos destacar as 5 soft skills principais para a advocacia:

  • Colaboração: Não é possível obter sucesso sozinho e saber colaborar e receber colaboração é importante.
  • Comunicação: O trabalho do advogado é essencialmente baseado em comunicação, seja escrita ou oral. Portanto, saber falar e escrever com clareza é fundamental. Um ponto importante que se restringe ao mundo jurídico: devemos evitar o juridiquês se queremos nos comunicar bem e com qualquer pessoa.
  • Flexibilidade: Com o avanço tecnológico e as mudanças constantes nas legislações, flexibilidade é uma habilidade que pode definir se o profissional se manterá no mercado ou não.
  • Inteligência emocional: O trabalho realizado pelo advogado é destinado para pessoas, sejam os clientes, adversos, juízes, colegas, portanto saber lidar com elas é fundamental.

Leia também: Soft skills para advogados: O que são e como desenvolver as principais!

Quais os desafios para o futuro? 

O mercado de trabalho como um todo tem vivenciado importantes transformações impulsionadas pelo desenvolvimento de tecnologias. Na advocacia não é diferente. Embora seja uma profissão bastante tradicional e conservadora, é impossível negar que a tecnologia trouxe avanços e vantagens para o mundo jurídico. 

Com o advento do PJE – Processo Judicial Eletrônico – por todos os tribunais brasileiros, a presença da tecnologia no dia a dia do advogado se tornou ainda mais evidente. A pandemia de COVID-19 impulsionou a necessidade de adoção de recursos ainda mais evoluídos, através da realização de audiências telepresenciais, que eram um projeto distante, mas que por ocasião se tornou realidade em um intervalo de dois meses.

Algoritmos e softwares que utilizam de inteligência artificial (mais recentemente, o Chat GPT) estão mudando radicalmente a forma de advogar. A necessidade de adaptação dos advogados à tecnologia é urgente.

Hoje vários softwares de sistemas para gestão de escritórios de advocacia utilizam de inteligência artificial para facilitar a vida do advogado e eliminar tarefas repetitivas e burocráticas. No escritório um dos sistemas que utilizamos é o Astrea, que faz a leitura de publicações e é capaz de sugerir o tipo de prazo a ser lançado e cumprido pelo advogado, com agenda compartilhada, envio de comunicados aos clientes e à equipe. 

Por isso, eu acredito que a tecnologia é muito mais uma aliada do que uma concorrente do advogado que, mesmo com o avanço e desenvolvimento tecnológico, nunca perderá a sua capacidade de análise crítica e função essencial na interpretação de normas e sua aplicação para os sujeitos de direito.

Leia também: ChatGPT na advocacia: 6 vantagens de uso na rotina jurídica!

Personalidades de sucesso para você se inspirar

A profissão de advogado não é fácil e não é para covardes, parafraseando o saudoso Sobral Pinto. A construção de uma carreira sólida e bem-sucedida é árdua, e passa por diversas dificuldades no caminho. No início não temos experiência, clientes, sendo necessário muita dedicação e perseverança até que resultados consistentes apareçam.

Eu sou a primeira advogada da minha família, portanto comecei do zero, enviando currículo, participando de processos seletivos, aproveitando oportunidades de estágio, conhecendo pessoas, oferecendo o melhor trabalho possível, sempre entregando mais do que era esperado. Aos poucos isso foi sendo reconhecido e a minha bagagem de experiências se fortalecendo, até chegar aonde estou hoje. 

Posso citar alguns nomes dos melhores advogados do Brasil, como o Dr. Pierpaolo Cruz Bottini, que atuou no escândalo do mensalão, Dr. Francisco Mussnich, que atua na área de operações financeiras, Dr. Arnoldo Wald, na área de Direito Civil.

Gosto da história do Dr. Nelson Williams que, assim como eu, não veio de uma família de advogados e construiu uma carreira extremamente bem-sucedida ao longo dos últimos anos.

A Dra. Mariana Gonçalves atua em direito imobiliário e é uma das advogadas que mais me inspiram pela sua trajetória profissional e, assim como eu, possui família, filho, o próprio escritório e faz a gestão de outras empresas sob a sua responsabilidade, além de se dedicar a ajudar outros colegas a desenvolverem melhor a advocacia. 

Todos têm uma trajetória de muito trabalho e dedicação. Sinto informar, mas não é possível uma carreira brilhante na advocacia trabalhando apenas 8 horas por dia e em pouco tempo na profissão.

Se quer um conselho: Tenha um mentor. Escolha alguém para te inspirar e para te aconselhar na jornada. Foque em quem chegou aonde você busca chegar, que pode somar e agregar em seu favor, e ignore os pessimistas. Infelizmente, muitas vezes o sucesso é solitário.

Dedique seu tempo a se aprimorar na sua área de forma construtiva. Não perca tempo com discussões filosóficas e dedique um tempo semanal para estudar a jurisprudência atualizada da sua área de atuação, o que pode ser mais interessante do que ler o noticiário. Estude não somente matérias de Direito, mas de gestão, vendas, marketing, inteligência emocional e oratória. 

Leia também: Aurum Summit: o evento para a sua próxima advocacia está de volta!

Conclusão

Embora o Brasil seja um dos países com o maior número de advogados no mundo, o mercado de trabalho da advocacia está saturado de profissionais de baixa qualidade.

Por isso, o momento atual é propício para quem fizer o que é necessário se destacar. Não é uma profissão fácil, sendo necessário muita dedicação, trabalho e esforço, especialmente no início da carreira. 

Para quem busca advogar é fundamental a realização de estágios no período da graduação, para que o estudante já adquira vivência com o dia a dia da advocacia, bem como experiência profissional e estabeleça os seus primeiros contatos.

O avanço da tecnologia já é uma realidade no mundo jurídico e deve ser visto como um aliado do advogado. Quem conseguir se adaptar mais rápido e melhor certamente obterá os melhores resultados.

Se inspire em quem tem vivências positivas para dividir com você e tenha muita coragem!

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Advogada desde 2009 (OAB 119.894/MG), Bacharela em Direito pela Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho pelo CAD-MG. Pós-graduada em Compliance, LGPD e Prática Trabalhista pelo IEPREV. Sócia...

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