O Legal Design é uma abordagem inspirada no Design Thinking que tem como objetivo encontrar soluções estratégicas e inovadoras para questões do universo jurídico. É focado na empatia e no ser humano, gerando como resultado a entrega de valor.
Como sempre falamos por aqui, o Direito está em crescente transformação. Com o avanço da tecnologia, novos termos relacionados à doutrina jurídica vêm surgindo. Um deles é o Legal Design.
O assunto é tão bacana e importante que achamos que deveríamos levar para a edição de 2019 do Aurum Summit, o melhor evento de inovação para advogados. Para isso, chamamos Larissa Wermann, colunista do Olhar Digital e Associate General Counsel da empresa ThoughtWorks, que explicou como o Legal Design pode ser usado na prática.
O que é o Legal Design?
O Legal Design é uma interseção entre três áreas: Design, Tecnologia e Direito. É inspirado no Design Thinking, um processo aplicado em diversos mercados para resolver problemas e descobrir novas soluções sem perder o foco no ser humano.
A ideia dessas abordagens é melhorar produtos e serviços por meio da empatia, gerando engajamento e entregando valor como resultado. Na área jurídica, se aplica muito ao atendimento e à compreensão de problemas de clientes. Assim como para testar soluções rápidas antes da entrega final.
Entre os exemplos de aplicação do Legal Design citados por Larissa está a melhora na comunicação com os clientes. Ela compartilhou que o método ajudou a descobrir o que os clientes não estavam conseguindo entender em seus materiais, e a buscar alternativas para melhorar essa compreensão. Uma alternativa simples e que pode ser utilizada por advogados para melhorar o relacionamento com os clientes.
O Legal Design é realizado em algumas etapas, que serão explicadas abaixo. Ao final, a solução encontrada pode não ser a entrega final, pois o processo conta com um ciclo de melhorias constante, buscando aprimorar a entrega de valor.
Objetivos do Legal Design
Larissa explicou que um dos grandes propósitos do Legal Design é fazer com que indivíduos e empresas consigam tomar decisões da forma mais estratégica possível. Para isso, a abordagem pode auxiliar desde pessoas leigas no assunto até profissionais do Direito a entenderem melhor o funcionamento da lei e o contexto em que estão inseridos.
A prática foca também na melhoria de interfaces, ajudando a aprimorar o contato com usuários e incentivando mudanças e inovações a curto e longo prazo.
Etapas do Legal Design
Larissa Wermann apresentou alguns passos gerais, porém essenciais, para quem quer colocar a abordagem em prática.
- Descoberta: é o grande começo. Nesse passo devemos tentar responder à pergunta: “Qual o problema que quero resolver?”. Para isso, a equipe deve pensar de maneira ampla, criando hipóteses.
- Interpretação: funciona como uma síntese da primeira fase. A partir dos dados e questões levantadas, o problema deve ser resumido em uma frase. Assim, há maior foco e praticidade para resolvê-lo.
- Ideação: é a fase da criatividade. Se deve pensar em como o problema pode ser resolvido. Aqui, Larissa lembra que é preciso estar aberto a novas ideias: “não se prenda a padrões e coisas que não costumam funcionar”.
- Experimentação: após a ideação, há a construção de um protótipo. A partir daí, a ideia pode ser colocada em prática. Mas ela destaca que não é necessário se preocupar em ter o produto finalizado, afinal, essa fase é feita para erros e ajustes necessários.
- Evolução: é uma fase contínua. A partir de feedbacks e prática diária, a equipe irá perceber o que funciona ou não, evoluindo com o produto cada vez mais.
Metodologia ágil
Para Larissa Wermann, a metodologia ágil, baseada no Manifesto Ágil, é essencial para o processo de Legal Design.
Essa metodologia surgiu com desenvolvimento de softwares, mas possui aplicabilidade em diversas áreas. Ela pressupõe que o produto seja criado enquanto repetidos testes são feitos. Assim, se for detectado um problema, basta fazer o ajuste, sem a necessidade de começar o processo do zero. Isso garante mais agilidade e rapidez no percurso.
Larissa explicou que a metodologia ágil trabalha com quatro grandes valores:
- Indivíduos e interações
- Software em funcionamento
- Colaboração com o cliente
- Resposta a mudanças
Apesar de continuar a reconhecer a importância de etapas mais tradicionais – como documentação, negociação de contratos, etc -, nessa metodologia esses novos valores são essenciais para se ter uma melhora contínua, com priorização de processos e etapas.
Leia também: Visual Law – o que é e como pode transformar a sua advocacia
Aplicações do Legal Design na advocacia
Existem diversas maneiras de colocar o Legal Design em prática. Qualquer ferramenta ou ação que procure simplificar processos e facilitar a vida do cliente pode ser uma aplicação dessa abordagem.
Um bom exemplo, usado em muitos escritórios, é a mudança nas estruturas de padrões de um contrato ou relatório.
Por exemplo, muitas vezes a pessoa ou empresa que é atendida por um advogado não entende muito sobre Direito, certo? Portanto, qual a necessidade de entregar um material extenso, repleto de termos específicos? Pessoas do campo jurídico que utilizam o Legal Design já perceberam a vantagem de utilizar infográficos, imagens e outros recursos digitais nesse processo para facilitar o entendimento da outra parte.
Por isso Larissa apontou em sua palestra que, para pôr em prática o Legal Design, a relação da empresa com o cliente deve ser próxima.
É preciso que a equipe esteja junto com seus clientes para entender melhor os seus problemas e o que funciona, ou não, para ele”
A abordagem também pode ser usada internamente. Softwares jurídicos são uma ótima maneira de otimizar a gestão de escritórios de advocacia. Porém, para que as estratégias obtenham êxito, é importante incluir toda a equipe e ouvir os profissionais. Muitas vezes são eles que percebem, no dia a dia, o que dá certo ou não. Veja o que diz Larissa:
Você pode ter milhares de ferramentas e utensílios para auxiliá-lo no trabalho, mas se o resto da equipe não estiver inteirado ou participando igualmente, é certo que algum problema vai surgir. A gente conta com a tecnologia, mas contamos muito com as pessoas para seguir”
Além disso, é preciso manter em mente que o Legal Design não é apenas uma preocupação com o visual e a estética do projeto. Para Larissa, é uma mudança de mindset:
Cada empresa e escritório deve pegar o que funciona para si, no seu contexto específico, e aplicar de maneira eficaz”
Por fim, a grande lição que o Legal Design nos deixa, conforme explica Larissa, é que errar não é um problema.
Erros fazem parte de qualquer progresso e são essenciais para garantir aprendizados e avanços”
Sobre o Aurum Summit
O Aurum Summit é o evento de inovação e tecnologia para advogados realizado anualmente pela Aurum. É a oportunidade para os profissionais do Direito ficarem por dentro das principais tendências da área, vivenciar experiências e ampliar suas conexões.
Em 2019, o evento aconteceu no dia 10 de outubro, em São Paulo e, pela primeira vez, em transmissão online simultânea. Saiba como foi o Aurum Summit 2019.
Muito prazer, nós somos a Aurum! Desenvolvemos softwares jurídicos há mais de 20 anos e entregamos produtos de qualidade para aperfeiçoar a gestão e elevar a produtividade dos advogados. Temos dois softwares no mercado: o Astrea, criado para atender as...
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Matéria incrível. Conteúdo muito rico e fantástico trabalho da Larissa com dicas simples e efetivas. Obrigada.
Quando será o aurum summit 2020?